domingo, 8 de novembro de 2009

Poema: O soldado Medeiros

O SOLDADO MEDEIROS




Uniformes do batalhão de Caçadores, ao qual pertenceu Maria Quitéria.



Pelos tropeiros chegam-lhe notícias do levante de Cachoeira, a Heróica, contra provocações de tropas portuguesas, a partir, sobretudo, do incidente com uma canhoneira que, fundeada na barra do Paraguaçu, alvejou a cidade. Emissários percorrem o sertão da Bahia à procura de voluntários e contribuições financeiras.

Contra a vontade paterna, Maria Quitéria sai de casa e, em roupas de homem, cedidas pelo cunhado José Cordeiro de Medeiros, marido de Teresa Maria, alcança Cachoeira, alista-se num regimento de artilharia e passa em seguida à infantaria. Ali, no Batalhão dos Voluntários do Imperador, também chamado Periquitos, e onde está, por sinal, um avô do poeta Castro Alves, o major José Antônio da Silva Castro, o pai de Quitéria vai descobri-la como que por acaso - mas não a convence a voltar para casa.

Mulher feita, legalmente emancipada, sabendo bem o que quer, Maria Quitéria consome-se de amor pela Pátria prestes a nascer. Assumindo a sua condição feminina, livra-se, por fim, dos constrangimentos da simulação. É, doravante, o soldado Medeiros, nome com que se apresentara à tropa. Os milicianos, a princípio ousados, aprendem a respeitá-la. Por baixo, aquele soldado de voz macia veste saias, mas é homem, na coragem, no trato, no companheirismo. Quitéria torna-se exemplo e, mais que isso, mascote da tropa interiorana de resistência.

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